O PODER DA FOFOCA >> Mariana Scherma
Ser
jornalista, ter perfil em redes sociais e o simples fato de morar no planeta
Terra são os principais fatores que me fazem estar sempre por dentro de algumas
notícias de celebridades. Por mais que eu não queira saber, eu sei. Por mais
que eu não queira comentar, de repente, solto algumas fofoquinhas e meu pai vem
com uma exclamação “como você sabe desses assuntos, né?”. É, pai, eu sei. E eu
também sei que ele não fica superorgulhoso desse meu tipo de sabedoria popular,
enfim...
Mas
vamos à questão. Como jornalista, desconfio de todas as fofocas e também
acredito que onde há fumaça pode ter um show de reggae, quer dizer, pode ter
fogo, sim. Por isso, quando fizeram todo aquele anúncio sobre o caso Cauã
Reymond, Grazi e Isis Valverde, eu desconfiei de que era nada a ver e, depois,
achei que tinha tudo a ver. Porque só porta não muda de opinião, né? Quando vi
que a minissérie se chamaria Amores Roubados, achei piada pronta. Mas aí
suspeitei de um complô pela boa audiência. No fundo, eu sou dessas que vê conspiração
em tudo. Adoro, ué. Uma coisa é certa: enquanto não ler uma declaração de um
dos envolvidos, vou seguir acreditando e duvidando, mas sem alarde. SEM alarde.
Ufa,
cheguei na parte onde eu queria. Desculpa levar dois parágrafos do seu dia pra
isso. Mas o que mais me chama a atenção nessas pseudonotícias de celebridade é
como o povo ama uma traição. Pra muita gente, ver o circo pegar fogo entre
casais é tão bom quando uma final de Copa do Mundo, tipo Brasil X Argentina. E
sempre que eu vejo as pessoas eufóricas com essas fofocas, não consigo deixar
de me perguntar o que eles ganham com isso. Muita gente vestiu a camisa da
Grazi e chamou a Isis de tudo o que é nome feio. O que essa galera ganha com
isso? Ainda comparando ao futebol, vestir a camisa do seu time e ser campeão é
uma emoção boa, mas no caso de traição (ou não), é uma emoção vazia.
O
poder da fofoca é uma coisa incrível mesmo. Também mobiliza multidões, como um
esporte, mas, às vezes, tenho a impressão de que sempre rola uma torcida grande
pela infelicidade alheia, principalmente se você é bonito e aparece na tevê.
Como se isso já fosse sorte o suficiente. Algo como: “tá na Globo? Ah, merece
um chifre!”. É por isso que eu admiro artistas que não falam um “a” sobre sua
vida privada. Se você gosta do trabalho dele, não precisa saber sobre seus
romances, sobre suas preferências no café da manhã... Aprecia o trabalho e
pronto, ué. Confesso que fico até mais fã de artistas que não possuem perfil em
redes sociais, isso conserva o mistério.
Fofoca
é uma coisa louca mesmo. Você sabe, veste uma camisa e sai xingando um dos
personagens da fofoca como se fosse um juiz de futebol (não que o juiz mereça
os xingamentos). Fofoca dá às pessoas um poder de juiz soberano, todo mundo tem
um julgamento pronto pra soltar. Pobre de quem vira alvo. E vamos combinar, pra
virar alvo de fofoca não precisa nem ser celebridade.
Comentários