CADA COISA COM SUA GRAÇA >> Sílvia Tibo
Andava à espera da nova coletânea de crônicas de Martha Medeiros, de quem sou fã, mais do que de carteirinha.
Correndo os olhos pelas estantes da livraria, antes mesmo de abrir o livro, me encantei com a originalidade e sutileza do título que lhe foi dado: "A Graça da Coisa".
Na capa, onde predominam tons de preto, cinza e branco, um detalhe colorido chama a atenção, na intenção de mostrar ao futuro leitor, logo de cara, que há sempre alguma graça nessa coisa maluca que chamamos de vida, por mais nebulosos que pareçam os caminhos pelos quais ela nos leva.
A obra de Martha me lembrou o “jogo do contente” sempre presente nas histórias de Pollyanna, clássico da literatura infanto-juvenil publicado originalmente em 1913 e que li tantas vezes quando criança.
Aliás, crianças, em geral, são ótimas na tarefa de achar a tal graça da coisa. Ao contrário de nós, adultos, que arrumamos sempre um jeitinho de complicar a vida, reclamando do que somos e do que não somos, do que temos e do que não temos.
Quem não tem carro, reclama por ter que andar de ônibus. E quem tem, reclama por perder horas no trânsito.
Quem mora de aluguel, reclama por não ter casa própria. E quando finalmente compra o primeiro apartamento, em pouco tempo, passa a achá-lo pequeno e a sonhar, então, com uma casa grande, com direito a quintal e piscina.
Quem não tem trabalho, reclama por estar desempregado. E quando consegue a desejada vaga de emprego, diz que trabalha muito e que o chefe é chato.
Com o tempo, reclamar vira hábito. E daí para se tornar vício é um pulo. E vício, como se sabe, é um negócio difícil de curar, sobretudo quando não se tem consciência dele, caso em que nem o melhor dos tratamentos é capaz de fazer efeito.
Para queixosos crônicos, não há remédio melhor do que passar a enxergar, em doses diárias e progressivas, a graça da coisa, desapegando-se de atitudes e visões negativas, na certeza de que cada coisa, por pior que pareça, tem sua graça.
Comentários
Bjs, Isabela.
www.universodosleitores.com
Quem me dera, né? Rsrs.
Mas agradeço suas sempre doces palavras... e, a propósito, também sou sua fã!
Beijo grande!
Obrigada pela visita ao blog!
É engraçado... quando crianças, temos tanta urgência em crescer, não é? E depois, adultos, lutamos pra não perder esse olhar infantil, que confere tanta graça às coisas...
Beijo grande!
Me fez lembrar do "pequeno príncipe"
:)
Pensei em "Pollyana" e me esqueci do Pequeno Príncipe...rsrs.
Duas lindas obras, supostamente "infantis", mas que na verdade deveriam ser lidas muito mais pelos adultos, não é?
Abraço e obrigada.
Beijos!
Léo
:)
:)
sua crônica é uma graça e uma lição para os adultos, que precisamos tanto desse espírito de criança!!
Parabéns!!
bjs
Que o nosso espírito infantil nunca se perca no tempo...
Beijinhos!