VOCÊ QUER REVANCHE DE QUÊ? >> Mariana Scherma
Eu não entendo muito de lutas, MMA, UFC e lálálá. Quer
dizer, eu entendo zero dessa suposta nova paixão brasileira (e adoraria sugerir
uma enquete pra ver quem gosta meeesmo disso). Não gosto nem de assistir porque
é muito soco e eu sou a favor do beijo, da amizade, do carinho, das mãos dadas,
enfim. A única parte das lutas que eu adoro é a pesagem, quando rola aquele
olho no olho, aquele climinha fofo. Sempre fico na torcida porque, no fundo,
sou uma romântica incurável... Nessa, última do Anderson Silva rolou um selinho
e pra mim deveria ter terminado nisso. Os dois ganham, ué.
Mas não, quem ganhou foi o tal do Chris Weidman. O
Facebook também ganhou um novo assunto, todo mundo falando que Anderson tinha
sido comprado, tinha feito isso, aquilo e aquele outro. Eu, que no sábado à
noite, nem lembrava que teria luta, no domingo de manhã sabia de to-dos os
detalhes só por conta de uma olhadinha na timeline. Se o que o Anderson fez tá
certo ou não, não sei. Eu gosto de futebol e vôlei, é o máximo que entendo. Só
acho que todo esporte deveria ter essa regra do UFC: pedir revanche. Não só o
esporte, a vida deveria nos dar direito à revanche, à melhor de três, quatro,
cinco... Já pensou?
Este ano, meu Corinthians foi eliminado rapidinho da
Libertadores. Revanche urgente contra o Boca Juniors. Não ia dar certo, é
claro. Nenhum campeonato chegaria ao fim, mas se o que importa é o caminho... Imagina
então quem perdesse do Corinthians, todos querendo revanche. Óbvio que essa
nova regra vai contra a máxima de todo atleta “o que importa é competir”.
Pra vida, talvez isso desse certo. Revanche de quando você
teve que falar em público e gaguejou e, de brinde, trocou as palavras. Melhor de três encontros
pra conquistar o cara. Revanche daquele dia em que você perdeu de goleada pra
TPM ou de quando falou o que não devia perto de quem não deveria ouvir. Ok,
vai, pedir revanche toda vez ia ficar chato. Talvez a gente devesse ter direito
a um número limitado desses pedidos. E pra ser sincera, juro que não me lembro
de nenhum momento tão constrangedor que me fizesse querer um melhor de dois ou
três. Como cantam os Los Hermanos, faço o melhor que sou capaz só pra viver em
paz. No fundo, a vida até nos dá direito de revanche, depois de muito tempo.
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