ACABA, INVERNO, ACABA! >> Mariana Scherma
Se
eu fosse o Super-Homem, meu inimigo mortal seria o frio. Se alguém estivesse
precisando da minha ajuda, sei lá, na Antártida, estaria bem ferrado porque só
de pensar no lugar, meus superpoderes congelariam. Eu não gosto de odiar
qualquer coisa porque odiar é muito negativo, mas o frio, ah, o frio eu odeio,
sim. Sou nascida no interior de São Paulo e tenho pais que amavam mais que tudo
viajar pra lugares frios. Quando pequena, eu os acompanhava (quem disse que
criança tem livre-arbítrio?) e me lembro de uma vez que eles me acordaram às
cinco da manhã pra caminhar e sentir o friozinho do inverno da Serra Gaúcha.
Acho que foi nesse passeio que virei arqui-inimiga do inverno (mas segui amando
meus pais, só pra deixar claro).
Os
apaixonados pelo inverno dizem que a estação deixa as pessoas mais elegantes e
cheirosas. Pra mim isso é o maior blábláblá. Acho que elegância independe de
casaco, dá pra ser bem elegante de saia e regata. E sobre ser mais cheirosa no
inverno? Contesto também! O verão empurra a gente pro chuveiro, duas, três
vezes até. Agora, o inverno, especialmente nos dias de massa de ar polar... Um
minuto de silêncio em agradecimento ao banheiro sempre quentinho da academia.
Ok, voltei. Hoje mesmo, eu me olhei no espelho e chorei de rir com essa coisa
da elegância do frio. Pantufas de sapo, calça de moletom cinza, blusa de moletom
azul-turquesa e luvas azuis não compõem um visual fino, né?
Eu
sou dessas que já sofre quando a previsão diz que uma frente fria está pra
chegar. Ela pode ainda estar lá na Argentina, congelando os hermanos, e eu já
tirei um edredom extra do guarda-roupa pra esperá-la... Fora isso, adoro ignorar
o frio, dentro do possível, é claro. Nessa
época, todo mundo se rende às comidas gordas da estação. Eu faço questão de
continuar com minhas porções de saladas e frutas. O capuccino transbordando de
chantilly vira a bebida oficial, menos minha: que sigo tomando água (e uma dose
a mais de café porque não sou de ferro). Minha vitória mais unânime no inverno
é a ida à academia religiosamente no mesmo horário. Poderia ir mais tarde ou
faltar, mas não me rendo à preguiça. Vou às sete da matina e volta cantando we are the champions, my friend.
A friaca não me vence. Dá um orgulho danado, que eu e mais uns cinco alunos que
resistem à estação compartilhamos no olhar entre um respiro mais profundo e
outro da aula de RPM.
Enquanto,
todo mundo sonha em ver neve ou viaja para o Sul pra vê-la, eu sonho em poder
migrar de região e passar esses dias trabalhando em alguma praia do Ceará, de
chinelo Havaianas, short e a parte de cima do biquíni, na elegância gostosa que
o solzão nos dá. A vida é muito curta pra ficar perdendo tempo em colocar
casaco em cima de casaco e, ao chegar em casa, trocá-los por blusa de pijama em
cima de blusa do pijama. Por essas e outras, que o calor esteja de novo com a
gente bem logo. A sorte é que, quando o inverno começa, já começa também a
acabar. Que bom!
P.S.:
meus pais hoje em dia também detestam o frio e jamais viajariam pro Sul outra
vez nessa época. Aquela caminhada na Serra Gaúcha deve ter sido terrível pra
eles também...
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