ENTRE PANELAS, PRATOS, TALHERES E MÚSICAS >> Sílvia Tibo
Mas, a despeito da alegria de ter
sido tão bem recepcionada por aqui, uma coisinha, lá no fundo, me preocupou
assim que vi meu pedido sendo aceito pelo Edu, nosso editor. A famosa “pulga
atrás da orelha”. Daquelas que coçam, coçam e coçam. Sem parar e sem sair do
lugar (com o perdão da rima pobre, óbvia e sem graça).
Pensava eu, com meus sempre
inquietos e ansiosos botões: onde é que vou arrumar assunto pra tanta crônica?
Afinal, o compromisso assumido era de um texto por quinzena, aos domingos, e
sem data pra acabar, o que (pensava eu) seria muito pra quem não escreve por
profissão, mas tão somente por pura e despretensiosa paixão.
Para a minha tranquilidade, desde então, cheguei a todos os domingos (dias gentilmente reservados pelo Edu para as minhas publicações quinzenais) com um texto mais ou menos preparado. Afinal, sou a “programação” em pessoa. E como tal, detesto (ou pelo menos evito ao máximo) ter que resolver qualquer tipo de problema ou cumprir qualquer obrigação que seja na última hora. A não ser aquelas que chegam de surpresa, sem aviso prévio, às quais não há mesmo como se antecipar. No mais, vivo sempre com uma programação em mente. É assim no trabalho. É assim em casa. É assim com a família, incluindo aqui o quase-marido, os amigos do coração e o filhote de quatro patas.
Retomando o caso, o fato é que até ontem à tarde, euzinha aqui (a mesma “programada” do parágrafo anterior) simplesmente não havia encontrado, nas muitas pastas do computador, qualquer texto mais ou menos pronto ou quase acabado que pudesse ocupar hoje a página do Crônica do Dia. Talvez pela emoção e pela desconcentração diante do casamento que se aproxima. Talvez pela expectativa de, na ocasião, rever pessoas queridas. Talvez, ainda, pelos dias de férias e descanso tão esperados que virão em seguida. E certamente por tudo isso, junto e misturado. Muita coisa pra uma só cabeça e um só coração. Sobretudo quando esse coração é daqueles que se derretem com facilidade.
Mas, para a minha surpresa, eis que, em pleno sábado à tarde, depois de um franguinho ensopado (bem à mineira, com o tempero de casa) e ao som da banda preferida, as palavras surgiram, enquanto a louça ia sendo lavada, o quase-marido cochilava no tapete e o cachorro se distraía com o novo brinquedo adquirido.
Às vésperas da união das escovas de dente, as palavras ignoraram a falta de concentração desses neurônios aqui, assim como a emoção e a ansiedade desse coração já derretido. E assim, elas realmente vieram. Foram surgindo aos poucos, naturalmente, no caderno velho que há tempos me acompanha, enquanto eu fazia um balanço da vida, na cozinha, entre panelas, pratos, talheres e músicas.
Pensei no que foi. Pensei no que está por vir. Algumas experiências frustradas, como é natural (e acontece até nas melhores famílias). Muita saudade guardada, porque a vida assim o quis. Mas, ao mesmo tempo, a vontade imensa de trilhar novos caminhos, com o companheiro escolhido, partindo do zero e sem ponto de chegada. Tantos desejos, tantas pretensões, tantos projetos para o resto da vida. Da vida que, agora, será compartilhada e dividida. Mas também que, acima de tudo, será somada.
São desejos e pretensões de felicidade, na acepção mais pura da palavra. A felicidade que vem das pequenas coisas, dos minuciosos detalhes. E que surge não só pelo que se recebe, mas sobretudo pelo que se dá, pelo que se oferece.
Ao final das reflexões, repito as palavras que escrevi ao Edu, quando solicitei a concessão de alguns dias de férias aqui do Crônica do Dia: Espero, do fundo da alma, que as escovas de dente se encaixem direitinho. Com falhas, buracos e percalços, como é inevitável (e bem sabem os já efetivamente casados). Mas, acima de tudo, com a disposição e a vontade de preenchê-los e superá-los.
Comentários
O amor só é lindo, quando encontramos alguém que nos transforme no melhor que podemos ser. Felicidades nesta nova jornada à dois. Espero que sejam felizes como sou nestes meus 15 anos de casamento com o mesmo MARIDO!!!
Pela visita e pelos votos de felicidade...
:)
Que sua vida a dois seja linda como as linhas que você escreve.
Bjos,
Léo
Aproveite muito esse momento, que seu casamento seja imensamente feliz. Mas não some muito não, tá? Tenho certeza que a vida a dois irá inspirar ainda mais textos incríveis.
Beijos!!
Amei o texto, como sempre!
Beijinhos!
Karoline
E até o retorno das férias. :)
Um punhado de arroz pra vocês dois...
Em tempo: não passamos pela cidade maravilhosa dessa vez, infelizmente...
Mas não faltarão oportunidades, espero eu... E então, podexá que te cutuco aí, viu?
Obrigada pelo carinho de sempre...
Grande beijo!
:)