A COPA E O MUNDO [Debora Bottcher]
Sempre pensei que o animal símbolo da Africa fosse o (Rei) Leão. Mas a Copa do Mundo naquele continente provou que a Zebra tem mais cartaz.
A elite do Futebol Mundial está quase toda fora do campeonato — parte, surpreendentemente, na primeira fase, como Itália e França.
Ficaram pelo caminho também Inglaterra, Portugal, Brasil e, hoje, Argentina, comprovando que, decididamente, a "Zebra está à solta" — embora eu, pessoalmente, torcesse pela Alemanha (mais por patriotismo à minha ascendência do que por rivalidade à Argentina, que não carrego essa rixa).
Aliás, quero registrar que achei ímpar a atitude de Maradona após o jogo: viu-se que, na vitória ou na derrota, ele não muda seu afeto e dedicação aos jogadores; abraçou e beijou um a um, amparando e confortando, apesar da sua escancarada decepção — que não é pouca, vamos combinar. E se a seleção brasileira no jogo de ontem teve uma "pane" em campo (como definiu a imprensa mundial), do que podemos chamar o "branco" que deu nos jogadores argentinos diante da Alemanha? São coisas que ninguém explica — e acho que ninguém entende...
Aqui cabe um adendo: poderíamos aprender um pouco com a posição da derrota de outras nações. A nós, só serve o primeiro lugar. Se não vence, se não traz o título, a taça, o troféu para o Brasil, não são bons o suficiente, não merecem recepção no aeroporto, não merecem sorriso, agradecimento, abraço. Tem que ser o primeiro. Recordo de todas as vezes em que o Brasil não ganhou a olimpíada no Vôlei (a última no Masculino, por exemplo): com a Medalha de Prata no peito, era desilusão e lágrimas por todos os lados do tablado — de jogadores a comissão técnica. Lembro de ter me sentido um pouco envergonhada por conta da exaltação da equipe russa, que era só alegria com o Bronze. Ser o segundo, não serve. Estar entre os oito melhores do Mundo, nem pensar!
Bonita foi a atitude do menino sul-africano que esperava a saída da seleção brasileira do Hotel. James Stuart, de sete anos, entregou um desenho a Kaká dizendo que sentiria falta do camisa 10 e desejando bom trabalho ao jogador do Real Madrid. É isso: o Kaká não deixa de ser bom porque não fez o "gol de ouro" da Copa. Porque é tão difícil para nós compreendermos que um jogador, mesmo o de futebol, não é deus, mas humano, com acertos e erros, dias bons e outros nem tanto?
Mas eu acho curioso mesmo o poder que o futebol tem de parar o mundo — eu, pessoalmente, prefiro vôlei e tênis. De olho nas telas, milhões de pessoas acompanham os jogos — de seus países e de outros — com atenção e ansiedade. Torcem, gritam, choram... É uma febre. E, quando seu time favorito perde, silenciam num pranto sem consolo. Mais tarde, reúnem-se para o próximo jogo. Há uma certa beleza nisso...
Agora, o Mundial segue com poucos dos favoritos que desembarcaram na África em junho. No domingo que vem, a final esperada. Quem estará lá? Eu aposto na Alemanha — talvez com Holanda. E daqui a quatro anos, o espetáculo é aqui ao lado — perto de você e de mim. E se o Hexa também não vier, aqui, no solo da Pátria Amada Idolatrada, seremos grandes ou pequenos?
É esperar pra ver...
Imagem: Bandeira Brasileira, Angel Costa Villacrez
A elite do Futebol Mundial está quase toda fora do campeonato — parte, surpreendentemente, na primeira fase, como Itália e França.
Ficaram pelo caminho também Inglaterra, Portugal, Brasil e, hoje, Argentina, comprovando que, decididamente, a "Zebra está à solta" — embora eu, pessoalmente, torcesse pela Alemanha (mais por patriotismo à minha ascendência do que por rivalidade à Argentina, que não carrego essa rixa).
Aliás, quero registrar que achei ímpar a atitude de Maradona após o jogo: viu-se que, na vitória ou na derrota, ele não muda seu afeto e dedicação aos jogadores; abraçou e beijou um a um, amparando e confortando, apesar da sua escancarada decepção — que não é pouca, vamos combinar. E se a seleção brasileira no jogo de ontem teve uma "pane" em campo (como definiu a imprensa mundial), do que podemos chamar o "branco" que deu nos jogadores argentinos diante da Alemanha? São coisas que ninguém explica — e acho que ninguém entende...
Aqui cabe um adendo: poderíamos aprender um pouco com a posição da derrota de outras nações. A nós, só serve o primeiro lugar. Se não vence, se não traz o título, a taça, o troféu para o Brasil, não são bons o suficiente, não merecem recepção no aeroporto, não merecem sorriso, agradecimento, abraço. Tem que ser o primeiro. Recordo de todas as vezes em que o Brasil não ganhou a olimpíada no Vôlei (a última no Masculino, por exemplo): com a Medalha de Prata no peito, era desilusão e lágrimas por todos os lados do tablado — de jogadores a comissão técnica. Lembro de ter me sentido um pouco envergonhada por conta da exaltação da equipe russa, que era só alegria com o Bronze. Ser o segundo, não serve. Estar entre os oito melhores do Mundo, nem pensar!
Bonita foi a atitude do menino sul-africano que esperava a saída da seleção brasileira do Hotel. James Stuart, de sete anos, entregou um desenho a Kaká dizendo que sentiria falta do camisa 10 e desejando bom trabalho ao jogador do Real Madrid. É isso: o Kaká não deixa de ser bom porque não fez o "gol de ouro" da Copa. Porque é tão difícil para nós compreendermos que um jogador, mesmo o de futebol, não é deus, mas humano, com acertos e erros, dias bons e outros nem tanto?
Mas eu acho curioso mesmo o poder que o futebol tem de parar o mundo — eu, pessoalmente, prefiro vôlei e tênis. De olho nas telas, milhões de pessoas acompanham os jogos — de seus países e de outros — com atenção e ansiedade. Torcem, gritam, choram... É uma febre. E, quando seu time favorito perde, silenciam num pranto sem consolo. Mais tarde, reúnem-se para o próximo jogo. Há uma certa beleza nisso...
Agora, o Mundial segue com poucos dos favoritos que desembarcaram na África em junho. No domingo que vem, a final esperada. Quem estará lá? Eu aposto na Alemanha — talvez com Holanda. E daqui a quatro anos, o espetáculo é aqui ao lado — perto de você e de mim. E se o Hexa também não vier, aqui, no solo da Pátria Amada Idolatrada, seremos grandes ou pequenos?
É esperar pra ver...
Imagem: Bandeira Brasileira, Angel Costa Villacrez
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