GARRAFA SIM, TAMPINHA NÃO >> Clara Braga
As vezes, por motivos diversos, me pego lembrando de férias passadas. Com certeza não é por não ter tido férias tão boas quanto aquelas, talvez seja só porque realmente aproveito bem meus momentos de descanso e por isso eles se tornam tão marcantes.
Recentemente lembrei de uma viagem que fiz com alguns amigos para o Rio de Janeiro. Escolhemos o Rio pois estava tendo o Rock in Rio, um evento igualmente inesquecível e caro! Claro que vale cada centavo investido, mas como já estávamos com a corda no pescoço por causa das despesas normais de uma viagem mais o valor dos ingressos, nos achamos muito espertos por economizar em todo o resto que podíamos.
Um dos pontos que definitivamente íamos economizar era na alimentação e na hidratação dentro do evento. Tudo era tão caro que seria melhor levar comidinhas e muita água, já que o calor do Rio pode ser cruel. Então assim fizemos, colocamos na mochila alguns belisquetes e garrafinhas com água.
Ao passarmos pela entrada fomos revistados, assim como fazem em qualquer evento. Mas dessa vez algo incomum aconteceu, pediram que a gente retirasse as tampas das garrafinhas de água e entrássemos apenas com a garrafa.
Confesso que demorei a entender o pedido. Cheguei a perguntar se eu tinha entendido direito e, muito curiosa, disse que tiraria a tampa sem problemas, mas perguntei ao segurança se ele podia me explicar o motivo de não poder entrar com a tampa, claro, além de forçar a gente a consumir a água do evento.
O rapaz, muito solícito, me explicou logo:
- Moça, não podemos deixar ninguém entrar com a tampinha das garrafas pois esse objeto pode ser facilmente utilizado como uma arma.
Não questionei, ele com certeza estava apenas cumprindo uma ordem e a fila para entrar no Rock in Rio já é grande o suficiente, não precisa que ninguém fique ali batendo papo com o segurança e atrasando tudo. Meus amigos também questionaram os guardas que os revistaram e todos receberam a mesmíssima resposta:
- Não podemos deixar ninguém entrar com a tampinha das garrafas pois esse objeto pode ser facilmente utilizado como uma arma.
Lembramos da chuva de garrafas de água que Carlinhos Brown levou em uma edição anterior do mesmo evento, mas tirando isso, não conseguíamos imaginar nenhuma forma de utilizar uma tampinha como arma e acreditem, nós tentamos.
Depois dessa viagem, sempre que nos encontrávamos e lembrávamos da situação alguém perguntava: - Você já descobriu como faz para usar uma tampinha como arma? E embora sempre ríssemos da situação, a resposta era sempre negativa, ninguém conseguia, por mais criativo que fosse, imaginar um jeito de usar uma tampinha como arma.
Hoje continuo sem saber como usar a tampinha como arma, embora já me preocupe mais com elas pois depois que meu filho nasceu fico com receio dele colocá-las na boca e acabar engasgando. Mas confesso que vi uma luz no fim do túnel e acho que já sei quem vai matar essa charada para mim, afinal, a pessoa que criou as tampinhas da garrafa deve ser a mesma que criou o liquidificador, não faz sentido?
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