ANIMAIS FANTÁSTICOS E ONDE HABITAM>>Analu Faria
Assisti ontem ao filme que dá título a esta crônica. Que delícia! Lembro como se fosse ontem de uma longínqua Analu dizendo a alguém que Harry Potter era para crianças (essa Analu de outros tempos tinha 19 anos quando o primeiro livro saiu no Brasil). Também me lembro de alguém respondendo: "Confie em mim, você vai gostar." Ponto para essa pessoa que sabia das "ressonâncias humanas" daquela mocinha cheia de si.
Desde o primeiro livro de Harry Potter*, aprendi a não subestimar a fantasia. Freud explica!! - eu, que vivo no mundo da lua, costumava achar o fantástico uma coisa "de criança"! Sabe-se lá porque ainda não investi em escrever um livro, um conto ou inventar qualquer coisa que envolvesse um mundo fantástico. Quando o martelar da realidade vira lugar-comum, talvez faça mais sentido escrever sobre uma mulher que vive com um véu mágico sobre os olhos do que rabiscar uma crônica sobre alguém que acha Harry Potter infantil.
"Animais Fantásticos e Onde Habitam", por exemplo, não é sobre criaturas que não existem. É sobre preconceito e repressão (e sua terrível consequência). De quebra, chacoalha o senso comum sobre o que é um atributo "feminino" e o que é um "masculino" :Newt e Jacob, os mocinhos da história, não são fortes ou rápidos ou leem mentes; são, respectivamente, cuidador de animais e confeiteiro; duas das mocinhas da trama são uma auror (uma espécie de policial) e a autoridade máxima da "circunscrição bruxa" de um país.
Se eu puder te dar um conselho - mas lembre-se que conselho, se fosse bom, era vendido! - vá ler literatura fantástica. Em tempos de Bolsonaro e Trump, pode ser um senhor abre-olhos.
*Como toda mocinha cheia de si que se preza, nessa época eu, do alto da minha intelectualidade de fim de milênio, fazia concessões ao realismo de Gabriel García Marquez.
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