A MENINA >> Ana Raja


Quando a menina vai crescendo bem, tudo parece estar em paz.

Alguma coisa lá no início deu certo, apesar da ausência definitiva. Mas o amor fez sua parte. De alguma forma, ele supriu a falta do abraço de quem a voz deveria ter sido íntima, do banho na banheira de plástico cor-de-rosa e das mãos delicadas lambuzando de pomada para assadura a sua pele de bebê. 

Quando a menina caminha consciente da sua história, é sinal de que todas as palavras do amor seguem o circuito contínuo entre o coração e o pulmão.

Quando a menina - que ainda é uma menina e sempre será uma menina -  abre um sorriso de esperança, é a certeza de que todas as festas de aniversário serviram para mostrar a ela que a vida presta.

Quando você vê a sua menina personificar a figura do bisavô - no jeito de jogar a blusa de frio nos ombros - e a mágica do sangue fala mais alto, saudade.

E quando a menina, em uma tarde linda de céu azul, se acomoda em um banco e declama a sua poesia adolescente, é de fazer a tia se encher de orgulho.



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As dores delas, primeiro livro de Ana Raja, está a venda no www.editoraurutau.com.

anaraja.com.br

Comentários

Anônimo disse…
Tia e sobrinha sabem bem como nos emocionar. Que momento mágico: o amor na palavra escrita e falada.
Anônimo disse…
Sou eu, Soraya
Ana Helena Reis disse…
Tudo poesia. O texto da tia, da menina, da vida que une as gerações. Lindo lindo!
Anônimo disse…
Tia, muito obrigada por tudo q vc fez e faz por mim. Você não tem noção do quanto eu te amo e do quão importante você é na minha vida! Você vai ser para sempre a minha mãe !!! Te amo infinitamente!! 💜💚
Anônimo disse…
É a Soll ^^
Marlene disse…
Que essa cumplicidade provoque mais textos assim de linda amizade
Zoraya Cesar disse…
Que lindo relato íntimo de sororidade, família, ancestralidade, poesia. Somos todas as mulheres que nos antecederam, e vc fez uma belíssimo resgate e homenagem

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