2 rios >>> branco
a vida passou tão rápida por nós amigo
ainda há pouco
e estávamos bebendo cerveja e cachaça no bar
minha risada era franca
sua tranquilidade não menos que isso
uma doce obsessão de sermos jovens
entre um copo e outro
a alternância nos goles
cerveja cachaça cerveja
seu manso falar daqueles que sabem
meu senso de humor impedindo a implosão
- sem saber -
já éramos vulneráveis
cores sem matiz
há muito tempo não nos vemos amigo
- paradoxo
o tempo que não vimos passar
o tempo que faz tempo de alguma coisa -
gostaria de poder dizer aquele velho olá
seguido também pelo idoso tudo bem?
sempre fomos sinceros e isso bastava
mas como foi dito
há muito tempo não nos vemos meu amigo
e assim
meus olás foram desperdiçados
e os tudo bem que não se perderam
são agora apenas como contas gastas de madrepérola
neste grande rosário que chamamos vida
envelhecemos como grandes e orgulhosas árvores
mas não tão fortes
para impedir que o vento derrubasse nossos galhos
resta o tronco
cascudo
cansado
desencanto
mas o que somos agora?
apenas seres minúsculos
que comandam uma nave à deriva chamada corpo
próximos do final da jornada neste planeta
seguimos o fluxo
as ventas
a trilha que brilha
por uma milha
somos a liquides do rio em tempo de estiagem
água pouca
somos secos
duros
burros
mas com um sonho ainda
ser um rio inverso
e fugir do mar.
2 rios
ilustração de: j.p.aint
Comentários
Deus abençoe grandemente seu dia!
Como não temos outra opção procuremos remar devagar e observar a bela paisagem que nos cerca!
Observação: Adorei essa crônica!
Ótima prspectiva do curso da vida.
PARABÉNS!
Abraços
Elaine Franco
Abraços
Elaine Franco
Alcir
É sempre um prazer beber um poema seu!
e fugir do mar."
Lindo, como sempre.
A incerteza que assombra!
neste grande rosário que chamamos vida"
My Lord and Warrior, esse foi dos mais pungentes de todos os seus que já li, e por mais que eu os leia, sempre serão poucos. Pq vc merece ser muito lido e relido. E reverenciado.É o que faço agora.