SORTE >> Fernanda Pinho
Sempre que deixo alguma coisa para resolver na última hora, conto com a sorte. E acaba dando certo. Eu tenho sorte. Essa semana, por exemplo, esperei até o último minuto para escrever minha crônica de quinta, pois estava sem assunto, confesso. Não tendo caído nada do céu, dei uma de jornalista – que se pauta de acordo com as datas – e fui ver no calendário que dia é hoje. Lá estava meu assunto: em 17 de março é comemorado o Saint Patrick’s Day. O que eu tenho a ver com isso? Nada. A única coisa que sei é que, quando eu fazia curso de inglês, a escola se coloria toda de verde nessa data. Por que verde? Saint Patrick é protetor da Irlanda e tem como símbolo o trevo de quatro folhas que – de acordo com meus conhecimentos googlísticos – era considerado sagrado e cheio de energia encantada pelos magos Druidas irlandeses. Daí o fato de o trevo de quatro folhas estar associado à sorte.
Nesse ponto, o assunto já começa a fazer parte da minha alçada pois, como eu disse lá no início, eu tenho sorte! E muita! Claro, posso me considerar uma pessoa de sorte por ter saúde, família, amigos, trabalho, dignidade etc e tal, mas nem falo disso. Falo daquela sorte definida no dicionário como "modo de resolver alguma coisa ao acaso; sorteio. Bilhete ou outra coisa premiada em loteria ou sorteio". Você conhece alguém que já ganhou algum sorteio, promoção, rifa ou qualquer coisa do tipo? Eu conheço uma pessoa que já ganhou vários: eu!
Nunca achei um trevo de quatro folhas mas, aos três anos de idade, achei uma tampinha da Coca-Cola premiada e ganhei um skate. Todo mundo, na época, queria ganhar aquilo e quem ganhou fui eu que nem tomava Coca-Cola, nem sabia o que era skate. Foi a primeira de muitas coisas que ganhei assim, de bobeira. Sorteios de que eu participava por participar. Rifas que eu comprava só para colaborar. E, quando eu menos esperava, ganhava uma viagem, um urso de pelúcia gigante, um aparelho de som. Foram tantas coisas que, se eu listasse, vocês achariam que essa é uma crônica de ficção. Digo “foram” assim, no passado, porque começou a ficar tão sem graça que eu parei de brincar.
O ápice foi quando minha irmã queria muito ir para São Paulo ver o show do Coldplay, em 2007, e não recebeu o consentimento dos meus pais. Espertinha, ela vasculhou a Internet até achar alguma promoção que dava a ida ao show como prêmio e no qual o ganhador pudesse levar um acompanhante. Certa de que eu ganharia, ela pediu que eu me inscrevesse. Minha mãe, também certa de que eu ganharia, me proibiu de me inscrever. Mas eu me inscrevi assim mesmo e, bom, fui sorteada. Fomos ao show e minha irmã realizou seu sonho.
Ganhei porque ninguém duvidou que eu ganharia. E eu acho que sorte tem muito mais a ver com energia do que com qualquer outra coisa. Desde sempre, as pessoas me atribuem a alcunha de sortuda. E eu nunca duvidei disso. Se estou com algum problema no trabalho, eu penso: “tenho sorte, vai dar tudo certo”. E dá mesmo.
Quando eu conto minhas peripécias de jogos de sorte, ouço sempre duas perguntas. Os práticos querem saber: já jogou na Mega-Sena? Não. E sei que nunca ganharia, pois eu não acredito em números. Já os românticos me interrogam aflitos: sorte no jogo é azar no amor? Bom, aí já é assunto para uma outra crônica...
Foto: http://www.sxc.hu/
Comentários
Então não acho que seja só uma questão de acreditar, é questão de sorte mesmo, e isso, graças a Deus, vc tem de sobra amiga!
Amém!
E por falar nela, me passa um pouquinho da sua, rsrsrs.
de repente, já de vir aqui, conta a energia boa da home, rs...
Bjinhos
Beijos